I Gala Trinta-por-uma-linha

Quando o João Manuel Ribeiro me convidou para esta I Gala da Editora Trinta-por-uma-linha, convidou-me, também, para falar sobre as vantagens de uma mentoria de escrita. E salientou: não é para falar do mentor! É para falar da mentoria! João, espero corresponder às suas expetativas e não me desviar do assunto.

Assim, vou começar por explicar porque me decidi a ser mentoranda do João Manuel. Há alguns meses, concorri a um concurso com um conto infantojuvenil, de outra editora que agora não importa referir qual, que me ofereceu um contrato para publicar o meu conto ainda que não tivesse vencido o concurso. Fiquei muito feliz, diria mesmo eufórica, com a possibilidade de realizar um sonho: publicar um livro. E foi nessa sequência que, em junho do ano passado, participei no 1º retiro literário da Trinta-por-uma-linha, algo que eu sempre desejara, mas que nunca pudera concretizar. Durante dois dias, ouvi gente tão interessante e aprendi tanto que cheguei à conclusão de que não sabia nada sobre publicação, edição nem marketing. Se eu queria enveredar pela carreira de escritora tinha muito que aprender, de preferência com alguém da área da literatura infantojuvenil, com experiência, livros publicados e provas dadas do seu valor e da sua competência. Mas prometi que não ia falar do mentor ou o João Manuel ainda me pede o livro de reclamações...

Ora, quem escreve, de modo privado ou profissionalmente, sabe da necessidade de trocar ideias com alguém e da vontade de receber um feedback competente sobre o seu próprio projeto de escrita. Uma mentoria de escrita é isso que faz e é uma forma de fortalecer o processo de escrita.

Como vivemos numa sociedade de informação cada vez mais complexa, a capacidade de comunicarmos de forma eficaz, tanto oralmente quanto por escrito, é cada vez mais importante. Sabemos que um bom estilo de escrita é altamente benéfico para uma carreira, enquanto textos irregulares e remendados podem impedir o avanço profissional. Mas uma mentoria faz muito mais do que isso.

Em primeiro lugar, a mentoria de escrita permitiu-me criar a minha marca, algo no qual eu nunca tinha pensado. Tinha aquela ideia romanceada de que o escritor se limita a escrever e que uma equipa liderada por um editor trata do resto enquanto cumpre os caprichos do escritor-vedeta. Nada de mais errado. Nem todos os escritores são vedetas, tal como nem todas as vedetas da literatura são escritores, mas não vou alargar-me nesse assunto.

Na realidade, é ao escritor que compete a maioria do trabalho se quer vender o seu livro. Com este intuito, a mentoria permitiu-me trabalhar a minha marca pessoal e aprender a atualizar o meu site/ blogue com regularidade, assim como as minhas redes sociais profissionais, onde publico conteúdo relacionado com a minha atividade de escritora e procuro interagir com os meus seguidores. Não tinha a menor noção do que são os algoritmos, nem leads, nem pensava na importância do alcance das publicações, mas cada vez mais o marketing digital é uma prioridade. Como eu costumo dizer, quem não está nas redes sociais não existe.

Com a mentoria, foi-me, então, possível criar a minha marca e acredito que já me reconhecem pelo meu estilo particular (pelo menos assim espero). Mas o esclarecimento de questões informáticas é uma ínfima parte do que é uma mentoria de escrita.

As sessões regulares semanais têm-me permitido manter-me organizada no cumprimento de tarefas que imprimem ritmo à minha escrita, pois assumi um contrato de responsabilidade que não quero quebrar quanto mais não seja por uma questão de orgulho pessoal.

Com a mentoria, sinto que as minhas competências de escrita têm melhorado e que tenho desenvolvido a minha voz e a minha personalidade literária. Com a mentoria, nunca mais me senti sozinha e sei que terei sempre o feedback do meu trabalho- feedback sincero porque só com sinceridade podemos evoluir.

Mas a mentoria de escrita não fica por aqui. Além de me ajudar a melhorar as minhas capacidades de escrita, tem-me transmitido importantes noções sobre edição, publicação e marketing.

Permitiu-me construir uma imagem profissional, cuidada e respeitável, a imagem de alguém em quem vale a pena investir porque desistir não é permitido. Procrastinar é tolerável, mas com limites bem definidos.

A mentoria difere do coaching no seu propósito. Enquanto o coaching se centra sobretudo no desempenho e na transferência de competências, a mentoria visa, sobretudo, o desenvolvimento da pessoa e a partilha de experiências. Uma mentoria de escrita é uma relação de reciprocidade, troca e compromisso mútuo, durante a qual o mentorando continua a ter a oportunidade de ser ele mesmo. É uma aprendizagem constante, uma viagem com alguns buracos na estrada que temos de contornar, mas também com muitas retas e belas vistas panorâmicas.

Para concluir, quero apenas agradecer ao João Manuel Ribeiro tudo o que me tem ensinado e todo o apoio e carinho dos meus seguidores que me têm incentivado a continuar e que me fazem acreditar que este será o meu ano.

Obrigada!