10 razões que explicam o sucesso da saga Harry Potter

Porque é que a saga Harry Potter tem um sucesso tão extraordinário?

Neste artigo, mostro algumas das razões pelas quais a saga Harry Potter agrada tanto a tantos leitores, miúdos e graúdos. Estas razões deverão ser tidas em conta na hora de iniciar qualquer projeto de escrita infantojuvenil, na área da narrativa de aventuras.


1. As personagens cativantes

A personagem principal é, sem dúvida, o motor que dá vida e nome a toda a saga. Harry Potter é uma criança meiga, com fortes valores humanos e incapaz de fazer o mal. Tem enormes capacidades mágicas, que o próprio desconhece. Ron e Hermione juntam-se-lhe, logo na primeira viagem para Hogwarts, a escola dos feiticeiros, e fazem com que este trio funcione ao longo de toda a saga, apesar de serem tão diferentes.

2. A amizade e a união

Esta saga junta três amigos que são um modelo de união. Mais do que amigos, são família e a família ajuda-se nos momentos mais difíceis. Não hesitam em arriscar a sua vida para proteger a dos outros e isto é algo que marca o leitor. Hermione é uma rapariga corajosa que tudo fará para proteger Harry e Ron. Este, apesar de comicamente pouco corajoso, quando chega a hora de defender os amigos também é capaz de se lançar a um abismo.

Esta amizade e união entre os três é, na minha opinião, um dos aspetos mais interessantes desta história.

3. As personagens vão crescendo com o leitor

A saga começa quando Harry Potter faz onze anos. É nesse dia que descobre que é um bruxo e a sua vida dá uma enorme reviravolta. Os seus amigos mais próximos são da sua idade e partilham as suas vivências e os seus sonhos. Ao contrário de outras sagas, nas quais o protagonista nunca envelhece, nesta isso não acontece. Da mesma forma, os atores que vão dando vida às personagens principais são sempre os mesmos e é cativante ver como crescem, amadurecem, se apaixonam e se tornam excelentes adultos.

4. O enredo original

Desde a morte dos pais, quando era apenas um bebé, que Harry vivia com os tios e o primo, num ambiente de abuso físico e psicológico. Mas tudo muda quando Harry recebe a visita de Hagrid, que lhe conta quem ele é na realidade, um bruxo, e que existe uma escola especial para crianças como ele. Mais tarde, Harry apercebe-se de que é famoso e que a cicatriz em forma de raio que tem na testa foi provocada pelo terrível feiticeiro Voldemort, que assassinara os seus pais à sua frente.

O enredo está muito bem conseguido e a autora fabrica uma teia de narrativas que se vão completando ao longo dos vários volumes da saga.

5. A magia e fantasia

O facto de os livros estarem repletos de fantasia e de magia é, sem dúvida, um enorme estímulo à sua leitura. Quem não gosta de uma boa dose de objetos mágicos, de criaturas maravilhosas e de personagens extraordinárias com poderes mágicos? Faz-nos pensar que tudo seria possível!

Em Hogwarts, as escadas têm vida própria e os quadros podem ser muito temperamentais. Os fantasmas passeiam pelas salas livremente e um chapéu falante tem a tarefa de distribuir os alunos pelas várias “casas”. Nas páginas dos livros, passam várias criaturas mitológicas e fantásticas, algumas inspiradas nas várias mitologias e outras inventadas pela autora, sempre com um propósito, e não apenas para apresentar um desfile de personagens vazias e sem grande significado para o desenrolar da narrativa.

6. O mistério

Desde o primeiro livro que o mistério se faz sentir em torno de Harry Potter. A criança descobre, aos 11 anos, que nada do que sabia sobre a sua vida e a sua família até ali era verdade. J. K. Rowling sabe trabalhar com a curiosidade do leitor como ninguém e sabe prendê-lo às páginas até que mistério após mistério seja desvendado, como uma boa caça ao tesouro.

7. As aventuras

A história é tudo menos aborrecida. As personagens são apanhadas numa série de aventuras nas quais arriscam a própria vida, estando sempre por trás a sombra assustadora de Voldemort, aquele que, mesmo julgado morto, provoca tanto medo nos feiticeiros que é designado como “aquele cujo nome não pode ser pronunciado”. Mas Voldemort não está morto e vai conseguindo sobreviver graças aos seus seguidores que vão fazendo o seu trabalho sujo. Livro após livro, novos mistérios surgem e Harry e os seus amigos têm de descobrir a maneira de destruir o mal que vai crescendo à sua volta...

8. As reviravoltas

Nesta saga, nada nem ninguém é o que parece. Ou quase ninguém. Quando achamos que conhecemos uma personagem e que sabemos quais as suas motivações e intenções, eis que surge uma reviravolta no enredo que nos deixa de boca aberta! Sem dúvida alguma, esta característica dos livros - a constante surpresa e a capacidade de nos deixar atónitos - é algo que agrada aos milhões de fiéis leitores e um fator preponderante para o seu sucesso mundial ao fim de tantos anos.

9. O vilão

Normalmente, é o herói que recordamos, mas, no caso desta saga, grande mérito pode também ser dado ao vilão, Voldemort, um feiticeiro poderosíssimo. Sendo mestiço (filho de uma feiticeira e de um humano), foi abandonado pelo pai antes de nascer e cresceu num orfanato (a mãe morreu pouco depois do parto). Tendo ido estudar para a Hogwarts, foi desenvolvendo as suas enormes capacidades mágicas. Angariou um exército de seguidores, cometeu assassinatos e aterrorizou o mundo dos feiticeiros. A história deste vilão vai sendo contada em cada livro até ser totalmente desvendada no final da saga.

O seu passado tumultuoso e infeliz faz-nos pensar se Voldemort não teria sido muito diferente se tivesse tido o amor de um pai e de uma mãe, como todas as crianças deveriam ter. No fundo, J. K. Rowling humaniza o vilão, apresentando um quadro de uma infância só e atormentada que condiciona as ações futuras.

10. Os filmes

Todos os livros da saga foram adaptados ao cinema e foram de um estrondoso sucesso. Aquilo que todos nós imaginámos quando lemos os livros, aparece retratado, quase na perfeição, na tela do cinema, desde as personagens (tanto os alunos, como os professores e os vilões), aos cenários e às situações. À nossa frente desfilam atores consagrados, como Alan Rickman (o professor Snape), Richard Harris (como Dumbledore), Maggie Smith (a professora McConagall) ou Helena Bonham Carter (a louca Bellatrx). Os efeitos especiais são muito bem conseguidos e a autora pode considerar-se orgulhosa da sua criação, que nada perde na adaptação cinematográfica, ainda que saibamos que os filmes são sempre uma versão adaptada dos livros.

Conclusão

J.K. Rowling é um exemplo de persistência e de resiliência. Apesar de o seu primeiro manuscrito ter sido recusado por várias editoras, nunca desistiu de perseguir os seus sonhos. Todos os escritores deveriam inspirar-se na força desta mulher que se recusou a desistir e, por isso, venceu e agora é uma das mulheres mais ricas do Reino Unido.

Esta resiliência vê-se na história e nas personagens, que nunca recuam perante a adversidade e se tornam modelos de coragem para os jovens da sua idade e que são os principais leitores da saga.


Por estes motivos, e todos atrás enumerados, considero que a saga Harry Potter é um exemplo a seguir por todos aqueles que pretendem enveredar pelo mundo da literatura infantojuvenil, nomeadamente no que concerne às narrativas de aventuras. Todos os ingredientes "mágicos" estão lá. J. K. Rowling mistura magia com muitas aventuras e reviravoltas surpreendentes que colocam os protagonistas em constante perigo de morte.

É disto que as crianças e os jovens gostam (arriscaria dizer que todos nós nos incluímos neste grupo): de emoção e de serem surpreendidos a cada página. O enredo é tecido tendo por base uma teia de enganos, de mentiras, de ganância e inveja, mas o bem vence sempre, o que nos dá a esperança de que o mundo poderá ser um lugar mais justo e seguro para todos nós.



Lucinda Cunha

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